Apib celebra 20 anos como principal instância de mobilização indígena no Brasil
Organização fortalece luta pelos direitos dos povos originários e resistência coletiva

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) completa duas décadas em 2025, consolidando-se como a principal instância de mobilização dos povos originários. Criada durante o segundo Acampamento Terra Livre (ATL), a entidade tornou-se referência nacional na união de centenas de etnias, fortalecendo a luta pelos direitos indígenas e pela preservação dos territórios tradicionais.
O ATL, que chegou à sua 21ª edição este ano, integra o Abril Indígena, período de reflexão e mobilização em defesa das culturas originárias. Às vésperas do Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril, a Apib reafirma seu papel na articulação nacional e na resistência contra ameaças aos direitos indígenas.
Histórico de resistência
A mobilização indígena começou a se estruturar nos anos 1970, enfrentando repressão durante a ditadura militar. A abertura política e a Constituição de 1988 ampliaram as possibilidades de organização, culminando na criação da Apib em 2005. Segundo Francisco Avelino Batista, liderança do povo Apuriña, o movimento nacional era essencial para unificar as pautas dos povos originários e garantir representatividade política.
A entidade segue um modelo de governança colegiada, com representantes de todas as regiões do país. “Até hoje a Apib não tem um presidente, mas sim um colegiado que representa a Amazônia, o Nordeste, o Sul, o Centro-Oeste e o Sudeste”, explica Jecinaldo Barbosa Cabral, do povo Sateré-Mawé, chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério dos Povos Indígenas.
Avanços e desafios
Ao longo dos anos, a Apib esteve à frente de conquistas importantes, como a criação do Ministério dos Povos Indígenas, a ocupação de espaços institucionais por lideranças indígenas e o fortalecimento da luta pela demarcação de terras.
No entanto, desafios permanecem. “Ainda não garantimos plenamente o direito constitucional dos povos indígenas aos seus territórios tradicionais, pois há resistência dentro do Congresso Nacional”, pontua Francisco. A organização também combate propostas legislativas que ameaçam direitos indígenas e defende maior participação na formulação de políticas públicas.
Mobilização e o futuro da Apib
O movimento segue crescendo, com participação ativa de mulheres e jovens lideranças. No último Acampamento Terra Livre, entre seis e oito mil indígenas, de ao menos 135 etnias, viajaram a Brasília para fortalecer a luta coletiva.
Os líderes da Apib acreditam que a organização tem potencial para alcançar 50 anos de atuação, desde que mantenha os princípios que fundamentaram sua criação. “O movimento se fortalece. Basta que aqueles que estiverem à frente sigam respeitando as bases”, conclui Jecinaldo.
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