Estudante de educação física é preso por se passar por médico em Manaus
Suspeito atuou ilegalmente como pediatra e ortopedista, atendendo inclusive crianças vulneráveis; polícia investiga possível esquema com médicos

Um estudante de educação física foi preso nesta terça-feira (29) suspeito de exercer ilegalmente a medicina em Manaus. Gabriel Ketzel da Silva, de 27 anos, é acusado de se passar por ortopedista, pediatra e clínico geral em hospitais públicos, clínicas particulares e até em atendimentos a crianças vulneráveis.
Histórico de falsas identidades
Esta não é a primeira vez que o jovem é preso por assumir falsas identidades. Em 2020, ele já havia sido detido por se apresentar como tenente do Exército Brasileiro. Agora, a Polícia Civil apura que ele atuava como falso médico há pelo menos dois anos, integrando inclusive o corpo voluntário de uma fundação beneficente.
Modus operandi
Segundo o delegado Cícero Túlio, do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), o suspeito captava pacientes de duas formas:
Durante atendimentos beneficentes como "médico voluntário"
Obtendo informações de prontuários em uma rede de saúde particular e depois entrando em contato oferecendo consultas
Em conversas pelo celular apreendidas, Gabriel discutia detalhes para assumir plantões médicos se passando por outros profissionais. "Se estiver mais de boa e o chefe dele for embora, aí eu fico e ele vai pra casa", dizia em uma mensagem, sugerindo um esquema de substituição em hospitais.
Caso emblemático
Documentos do Hospital e Pronto-Socorro da Criança, na Zona Oeste, mostram que em janeiro de 2023 ele atendeu uma criança de 7 anos assinando como o médico Israelson Taveira - profissional que agora também é investigado por possível cumplicidade. A identificação foi possível através de imagens de vigilância que mostravam Gabriel realizando atendimentos na unidade.
A prisão ocorreu durante a Operação Hipócrates, deflagrada após 30 dias de investigações iniciadas por denúncia anônima. Na ação, foram apreendidos:
✔ Crachás falsos de médico
✔ Uniformes de plantão
✔ Carimbos de profissionais reais
✔ Uma arma falsa
✔ Distintivo das Forças Armadas
Enquanto o Conselho Regional de Medicina afirmou não ter sido oficialmente comunicado, a Secretaria de Estado de Saúde destacou que o suspeito não tem vínculo empregatício com a rede pública. Já a Universidade Federal do Amazonas confirmou que Gabriel é, de fato, estudante de Educação Física.
O caso segue sob investigação para apurar a extensão da rede de envolvidos. Gabriel responderá por exercício ilegal da medicina, falsidade ideológica, estelionato contra vulnerável e outros crimes. Ele permanece à disposição da Justiça.
O Instituto Asas pela Amazônia negou qualquer vínculo oficial com as atividades médicas do suspeito, enquanto a defesa do Dr. Israelson Taveira afirmou que o médico não autorizou o uso de seu nome ou carimbo profissional.
A Polícia Civil continua as investigações para identificar outros possíveis envolvidos no esquema, especialmente médicos que poderiam ter conhecimento das atividades ilegais do estudante.
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